segunda-feira, 10 de abril de 2017

DEBATE LITERÁRIO VIRTUAL com a Escritora Jânia Souza - em 28 de outubro de 2016


Ozany Gomes
Caros poetas, já podemos dar início ao DEBATE LITERÁRIO VIRTUAL de Outubro!

Erilva Leite
Jania Souza, boa noite, querida! Gostaria de saber quem são os seus escritores prediletos e se há algum favorito aqui no RN.

Jania Souza
O meu escritor favorito é aquele que me prende do princípio ao fim da sua narrativa ou o poeta com seu versejar dinâmico e cadenciado, fazendo-me imaginar flutuar dentro das suas palavras. Gosto dos escritores famosos que aprendemos a ler e a sugar um pouco da sua alma através das suas letras. Mas, amo realmente os poetas e escritores que compartilham atualmente todo seu ser com cada um de nós nos livros, nos saraus, nos recitais, na internet, no meio da rua, no ônibus, em qualquer lugar. Todos são preferidos, pois gosto de curtir o seu estilo próprio, seu gesto, seu abrir de boca, seu piscar de olhos, sua performance quer seja no papel ou no vídeo ou em carne e osso. Cada escritor é único. Simplesmente insubstituível na emoção que tem a nos passar.

Ozany Gomes
Jania Souza, o que mais te dá prazer, escrever para crianças ou para adultos?

Jania Souza
Embora os públicos sejam diferentes, o prazer é o mesmo. Pois, o prazer reside no realizar, a imaginação de contar ou poetar naquele instante em que fui instigada a dar uma resposta palpável a inspiração aflorada em meus sentidos por uma criança ou por um adulto. A situação que me motivou, prende minha atenção, absolvendo-me totalmente, até concluir a obra que me satisfaz e dar-me alegria. Logo, em ambos os casos, o prazer é enorme.

Clécia Santos
Querida amiga, Jania Souza! Parabéns por ser a poetisa escolhida desse mês!! Gostaria de saber como consegue levar a poesia do RN para além de nossas fronteiras!?

Jania Souza
Minha querida amiga, Clécia Santos, em nosso mundo globalizado, temos que fazer esse mundo funcionar conforme nossas necessidades e não permitir que ele nos leve segundo a vontade dele. Extrapolar fronteiras vem com o exercício da internet. Uma carta que levava dias, hoje é um segundo na máquina virtual. As pessoas se conhecem através da rede. Fazem intercâmbio cultural. Editoras entram em contato com você e vice versa. Os convites surgem. Você está em uma vitrine. Consequentemente se minha poética viaja, a poética do RN vai comigo. Pois somos uma nação, uma cultura, um povo, uma voz. Estamos unidos em apoio, em força e isso nos faz galgar novos horizontes. Mas tudo começou com o primeiro passo, o primeiro degrau: escrever, participar, divulgar e difundir na SPVA/RN, aprimorar e seguir. Jamais desistir. A não ser que não sinta mais prazer no que faz. - Esse anseio foi registrado na I Antologia Literária da SPVA/RN.

Clécia Santos
Muito obrigada!!! Contemplada a minha questão! Parabéns pelo seu trabalho poético, além do RN, além mares! Salve! Salve! Palavras doces como doce é sua poética!

Jania Souza
Queridos, vou aqui em mamãe. Candelária. Dar boa noite para ela. Ao voltar, responderei as próximas perguntas. Já podem ir registrando. Volto às 10:30h.

Roberto Noir
Jania Souza, como você vê a questão da visibilidade das escritoras no estado? Há espaço para elas nos eventos literários e na literatura potiguar de um modo geral ou esse espaço ainda é dominado pelos homens?

Jania Souza
A visibilidade está a cargo de quem se divulga, de quem se difunde. De quem faz amizades. Amplia contatos. Participa de eventos organizados ou organiza eventos. Para se tornar visível, tanto o escritor, quanto a escritora tem que circular e apresentar seu labor literário. Não pode temer críticas. Todos têm suas opiniões. Mas, se você acredita no seu trabalho, ele é a sua bandeira, o seu norte, a sua direção. Você tem o objetivo de que ele seja conhecido e reconhecido. Os homens chegaram ao poder primeiro. Organizaram-se. A mulher luta pelo seu espaço. Tem que fazer contatos com os homens e com mulheres. Tem que participar. Ser dinâmica e jamais desistir. No estado, as mulheres escritoras vão bem. Já há mulheres importantes na Academia Norte-rio-grandense de Letras. Tivemos Ana Maria Cascudo Rodrigues; hoje, dentre outras cito Diva Cunha e Leide Câmara. Na SPVA/RN, a força feminina sempre foi muito forte. Não acredito na dominação do homem, acredito sim na determinação feminina para quebrar tabus com um toque muito especial.

Adélia Costa
Jania o que lhe inspira? Que temas mais lhe atraem?

Jania Souza
Querida amiga, Adélia Costa, de todos os temas, o que mais me inspira é a própria vida com suas contradições. O desabrigado, o oprimido. A inocência da criança e sua fragilidade em um mundo caótico sem qualquer segurança. A poesia que teima a se revelar por entre as cores e os detalhes da natureza com suas exuberantes formas e energia. O Poder invisível que cria, constrói, agi e continua a emanar poder para restaurar a destruição produzida pela mão humana. Os conflitos e a paz, manancial para a coexistência. O homem e suas relações conflitantes consigo, com o outro, com a sociedade, com o ecossistema. Toda essa estrutura fantástica que se chama Cosmos, que me emociona pela grandiosidade e desconhecimento, que me dá tanto prazer em viver e emocionar-me com a existência. Em resumo, o próprio amor.

Adélia Costa
Sim. O amor e a vida. Resposta tão linda quanto sua atuação poética. Obrigada doce menina poeta. Beijo.

Jania Souza
Adélia Costa obrigada pela sua gentileza sempre em todos os momentos. Beijo.

Roberto Noir
Jania Souza, Nietzsche afirmou certa vez que ser filósofo é como viver isolado no alto de uma alta montanha gelada. O(a) artista vivencia a mesma situação relatada pelo filósofo, ou seja, o exercício da arte condena o(a) artista a um certo isolamento devido ao seu modo de pensar diferente de outras pessoas?

Jania Souza
Não me sinto isolada como artista. Sinto-me rodeada de pessoas e de vida. Talvez por ser cristã, vejo o filósofo e o artista na busca da compreensão do mundo e na busca também da compreensão de si e do outro, ou seja, dos relacionamentos. Criar, normalmente, é um processo individual, contudo ele pode ser social, socializado, socializar-se na interação de busca de soluções para a própria sociedade. Há necessidade de momentos isolados, para se amadurecer o pensamento. Mas, há também necessidade de envolvimento com o outro ou com a sociedade para compartilhar o resultado do pensamento e da obra, resultado desse pensamento. A afirmação de Nietzsche passa a imagem de que o trabalho do filósofo é um árduo cárcere de sofrimento. Pode ter sido a verdade dele. Mas, a maioria dos filósofos saudáveis encantam-se com seu ofício e o prazer de vivencia-lo interagindo com o meio. O pensar diferente, necessariamente não leva ao isolamento. O isolamento está vinculado a questões muito sérias que levam a depressão e outras enfermidades, que forçam o indivíduo a fugir ao convívio. Deve ser sempre um alerta para os familiares. O isolamento é necessário apenas no momento de criação. Fora dessa realidade, sendo frequente, é uma preocupação.

Ozany Gomes
Jania Souza, você é uma artista das letras e das artes visuais. Posso estar enganada, mas acho que ultimamente você tem se dedicado mais a literatura que a pintura. Qual dessas duas artes te faz sentir realizada ao está executando-a? Teria uma das duas, maior significado/importância em sua vida?
Jania Souza
Realmente, Ozany Gomes, encontro-me a pintar muito esporadicamente. Estou com uns trabalhos encomendados. Contudo, minha relação com as tintas é muito sensível, porque só consigo trabalhar com as cores quando estou feliz, tranquila, serena. Em paz comigo e com o mundo. Já com a caneta, ocorre o contrário. Ela passeia por todos os meus momentos emocionais. Também é mais fácil carregar (transportar) papel e lápis em vez de tela e tintas. Escrevo em qualquer lugar. Necessito de um lugar sereno com luz natural para pintar. Contudo, as duas realizações fazem-me imensamente feliz, quando as executo. Ambas são significantes em minha vida, mas necessitam de um estado de espírito adequado. Provavelmente, quando me aposentar, serei mais disciplinada para organizar as duas produções com mais frequência. Aproveito para informar que já faz um certo tempo que escrevo um romance e agora já são quatro e não consegui ainda concluir nenhum. Realmente necessito de mais tempo.

Arlete Santos
Olá Jania, você acredita que de alguma forma tua poesia pode salvar?

Jania Souza
Grande amiga de longas datas, poeta Arlete Santos, a poesia faz refletir, é terapêutica, anima ou entristece, é real ou fictícia, pode ser uma ferramenta de reconstrução pessoal e humana, como a de Maiakóvsck para a Revolução Russa. É lazer. Através da minha poesia, falo sobre tudo que toca meus sentidos, minha emoção. Provavelmente, ela salva-me do meu ostracismo. Torna-me viva, atuante. É a forma mais perfeita que tenho de reagir ao universo, às informações. Por essa razão, ela materializa tudo de bom (ou ruim) que sai de mim para compartilhar com o sistema externo, sociedade, que me envolve. Espero que ela contribua de alguma forma para melhorar a quem se apropria dela. Contudo ela não salva. Só quem salva é Jesus.

Arlete Santos
Sei que Patrícia, sua filha já escreveu alguma coisa, ela segue escrevendo? Alguns dos outros também já escreveram alguma coisa?

Jania Souza
Continua. Mas sem muita intensidade porque encontra-se compromissada atualmente com a dança. Bruno Sérgio escreve reflexões. Além de reflexões, Bruno Sérgio é compositor, músico, designer gráfico, fotógrafo. Diversas escritas e leituras.

Arlete Santos
O que você acha dos críticos literários?

Jania Souza
Exercem seu papel de levar sua opinião ao público sobre determinados trabalhos dentro de cânones acadêmicos preestabelecidos. É o ofício deles.

José de Castro
Jania Souza... O que foi que te motivou a escrever para crianças? Acha mais difícil do que escrever para adultos?

José de Castro
Você está com algum projeto de livro infantil no momento, Jania Souza?

Jania Souza

Amigos, boa madrugada! Gratidão pelo carinho.

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